sexta-feira, novembro 29, 2002

Falando sobre a demarcação da chácara minha mãe informou que na época do José Maximino, ela, a Batchã e o Sr. Junes procuraram a Prefeitura ou o Cartório - não sabe ao certo - para regularizar a confrontação entre a chácara e a propriedade do Junes. O Junes alegava que a cerca da chácara estava invadindo sua propriedade mas ela não se lembra o que foi feito para resolver o problema.

Quanto às circunstâncias da propriedade da chácara ela informa que, com medo de que o imóvel fosse vendido e seus moradores desalojados a Joanita exigiu que fosse assinado um contrato onde o Ditchã seria administrador da chácara. Este contrato foi assinado no mesmo dia do casamento e ela não sabia de sua existência até o momento da assinatura, ou seja, tão logo terminou o casamento civil ela foi instruída a seguir para outro cartório onde lhe foi apresentado o contrato para assinatura.

Segundo é do seu conhecimento, a condição para que o meu pai pudesse legitimar sua propriedade sobre a chácara era a de contribuir integralmente com seu salário até os 25 anos, mas na realidade ele cumpriu até os 27, mais precisamente até os 26,5 anos pois usou seis meses para comprar os móveis de jantar e de dormitório sendo tudo com que o casal contava no momento do casamento. Quanto aos móveis de jantar eles foram adquiridos desmontados sendo que o serviço de montagem e acabamento, vidros, verniz e acessórios seriam dados pelo Ditchã como presente de casamento mas por algum motivo a Joanita impediu tal presente, ficando o ônus integralmente a cargo do meu pai.

Tão logo o casal iniciou sua vida independente, foram abordados com a informação de que ainda havia cotas da chácara pendentes e foi feito um acordo onde meu pai prosseguiria contribuindo com aproximadamente metade de seu salário, este acordo durou até o incêndio dos pintinhos, a partir do qual aumentou a contribuição a título de emergência, elevando a remessa de dinheiro à quase totalidade do salário do meu pai. Nesta última fase minha mãe informa que deixava de comer para garantir a refeição do marido. Quando ele chegava do trabalho ela dizia que já havia comido e dava todo o alimento a ele. Sensibilizado com esta situação o Ditchã pegava escondido da chácara alimentos, incluindo carne e levava para ajudar o casal. Este período durou cerca de dois anos que inclui as fases de salario parcial e quase total.

Outro episódio que mereceu menção é o da casa da Rua São Paulo. O casal queria comprar aquela casa mas não possuíam recursos suficientes. Sabia-se que o Tio Takeda havia vendido uma boa safra de café e possuía muito dinheiro no banco que poderia ser emprestado. O Chiquinho estava precisando de dinheiro mas a família negava auxílio pois ele namorava com uma moça que não era aceita pelo grupo. Procurado pelos meus pais o Tio Takeda disse que poderia emprestar a quantia mas dependia da aprovação do Ditchã. Infelizmente quando o Tio Takeda foi falar com o Ditchã a Joanita soube (ou foi consultada) e impediu que o empréstimo fosse concedido.

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Segundo informa minha mãe, a Batchã certa vez lhe levou até seu quarto, fechou a porta e mostrou-lhe, confidencialmente, um local secreto onde guardava coisas importantes, dentre elas documentos, dinheiro e fragmentos de correntes de ouro que segundo a Batchã foram adquiridos de ciganos e tratava-se de ouro puro que os ciganos usavam para por nos dentes. Dentre os documentos havia um onde constava um acordo que envolvia os proprietários da chácara, da chácara da D.Rosa e do Felizardo cujo propósito era disciplinar o acesso à propriedade do Felizardo. A Batchã comentou brincando que o Felizardo tinha que ser bonzinho porque se fosse ruim eles fechavam a estrada. Dizia tambem que houve um acordo sem termo de doação de qualquer espécie. Não se sabe do paradeiro destes documentos e valores, segundo ela lembra, o local era atras da cama do casal ou do criado mudo. Havia tambem menção a um esconderijo atras de um quadro mas que não foi mostrado a ela.
A secretária do Dr. Elcio conseguiu uma vaga às tres e meia. Já confirmei que irei.
Amanhã começo a montar meu veleiro, não quero saber de rolo neste final de semana.
Ontem paguei mais uma pro meu filho mais velho. Tres prestações atrasadas do carro.
Tô toreando minha mãe para não vir aqui tentar resolver o problema. Ela só vai piorar as coisas.
Acho que meu coração não tá legal.
De vez em quando parece que ele falseia, dá uma mancada e eu fico transpirando e sentindo muito mal.
É só o que me faltava!

terça-feira, novembro 26, 2002

Nossa! Tem novidade que não acaba mais.

Na quinta-feira passada saí bem cedo de casa para viajar até a casa do meu pai e pegá-lo para irmos resolver alguns probleminhas na chácara.
Logo de cara a viajem reservava uma boa surpresa, boa parte das obras de duplicação foram concluídas, parecia um sonho. Cheguei cedo, percorri 244 km em tres horas, considerando que 25 km são de trânsito foi muito bom.
Sem muitos atrasos seguimos pelo novo trecho de 260 km e chegamos por volta do meio-dia, a tempo de almoçarmos lá com as Tias. Quer dizer, almoçamos por volta das duas da tarde. É que quando estávamos chegando na cidade telefonamos para a chácara perguntando se haviam preparado almoço para nós, caso contrário almoçaríamos na cidade. Como disseram que estava tudo pronto seguimos direto mas a casa estava fechada pois a tia teve que sair com a filha. Desta forma fomos dar uma volta pela propriedade, fomos até o vizinho prá papear um pouco - não com o vizinho, mas com um empregado que estava por lá - e em seguida andamos pelo bairro dos fundos procurando, sem encontrar, a casa da minha prima.
Na volta deste passeio pelas vizinhanças meu pai descobriu que uma das referências da propriedade havia mudado. Uma tal de estrada da servidão situava-se entre um bambuzal e uma palmeira mas, por erosão, extração de bambú ou outra causa, o bambu moveu-se passando da esquerda para a direita da palmeira.
Quando finalmente retornamos a casa estava aberta e o pessoal todo por lá.