quinta-feira, julho 17, 2003

Acabo de retornar do sepultamento do Toninho.
Nesses momentos nossa percepção aviltada pela emoção transforma fenômenos simples em poderosas metáforas da nossa vida. Uma delas me ocorreu hoje quando carregávamos a urna:

Em nossa pequena cidade, as tradições ainda preservadas, as pequenas distâncias e o transito ainda moderado, permitem que na cerimônia de sepultamento a urna seja sempre transportada pelos próprios participantes, à pé. Assim, um pequeno grupo de homens permanece à frente, junto à urna, promovendo o revezamento constante dos que carregam. Por si, este processo dá um tom dramático ao funeral onde parentes e amigos se unem em um último gesto de generosidade não só para com o morto tambem entre os componentes do grupo, entretanto, quando se pega na alça percebe-se que o esforço varia muito durante o percurso, por vezes muito pesado, logo em seguida outra pessoa é substituida por uma mais alta e fica muito mais leve, mas se um mais alto inicia no lado oposto volta a pesar. A cadência dos passos obedece tambem ao elenco de carregadores, por vezes sincronizado e harmonioso, por vezes descompassado e irregular, chegando a comprometer o curso mas uma coisa é certa, cada substituição modifica tudo e, quando finalmente chega a sua vez de ser substituido vem o alívio do período de descanso.

Este processo, parece-me fazer uma analogia à nossa própria vida: ficamos inicialmente nos preparando para entrar em ação e quando nela estamos sujeitos à interferencia, hora positiva, hora negativa, independentemente da intenção dos demais atores que, mesmo bem intencionados, acabam por aumentar nossas dificuldades. Às vezes vemos os incompetentes, nem sempre na sua forma pejorativa, como foi o caso de pessoas de muita idade que insistiam em participar do rito e sem condições físicas apropriadas acabavam por sobrecarregar os demais. Felizmente eram sempre substituídos em curto prazo. Em determinado momento, quando voce já está cansado, chega o fim da sua participação e outros deverão prosseguir com a tarefa..

O Toninho teve em sua vida gente que o ajudou muito e outros que o atrapalharam muito. Chegou o fim da tarefa dele, quanto à nossa, ainda continua.

Ninguem sabe por quanto tempo.

quarta-feira, julho 16, 2003

Hoje, às 17:30h eu perdi um grande amigo. Nossa amizade já ia para a maioridade pois nos conhecemos há mais de dezesete anos, trabalhamos juntos em duas empresas e atualmente éramos ambos empresários com negócios distintos.
Seu nome sempre foi Toninho: grande pescador especializado em dourados e grande humildade sintetizavam sua pessoa.
Morreu vítima de complicações de uma cirurgia do estômago. Deixa sua valente espôsa Fatinha, filho e filha.

Não é fácil perder um grande amigo. Toninho deixará muita saudades mais tambem muitas boas lembranças para todos que tiveram o privilégio de conhecê-lo.

Adeus Toninho,